segunda-feira, 14 de maio de 2012

O ser humano: Imagem de Deus Gn 1,26-27.



           
            No gênesis se encontram dois relatos da criação, nos quais se expressam duas tradições, a saber: a escola Javista e a escola Sacerdotal. No relato da escola  Sacerdotal tem-se a afirmação do ser humano como imagem de Deus, ou seja, o ser humano é criado de forma diferente das demais criaturas. Tendo em vista isto, este trabalho pretende, de forma bem sucinta, analisar esta afirmação, dando destaque para o que ela vem ressaltar na relação do homem e Deus.
            Segundo Mons. Celso, a criação do ser humano é o ápice desse discurso da criação[1]. No relato, ao se afirmar a criação do ser humano tem-se uma mudança esquemática. Isto é, nas criações anteriores era utilizada, pelo hagiógrafo, a ordem e criação (“e Deus disse e assim se fez”); já na criação do ser humano, Deus toma a decisão de criar: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança”[2]. O hagiógrafo se vale de um plural deliberativo, onde Deus fala consigo mesmo e nesse monólogo Deus decide criar o ser humano a sua imagem e semelhança.
            Este aspecto da imagem de Deus dá ao ser humano a possibilidade de diálogo e relação com Deus. Ao se tornar imagem e semelhança de Deus, o homem não está se tornando um deus, mas um ser superior entre todas as criaturas criadas. O ser imagem e semelhança de Deus abre a possibilidade para a afirmação que é feita pelo hagiógrafo logo depois da deliberação de Deus: “e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”[3]. Ou seja, ao se tornar imagem de Deus o ser humano domina sobre todas as criaturas, mas não deixa de ser uma delas: “o homem inteiro, como personalidade completa, tinha a imagem de Deus, que se manifesta sobretudo na faculdade de dominar sobre as criaturas”[4].
            Sendo assim, ao se tornar superior às demais criaturas o homem precisa de uma relação com Deus, na qual ele pode manter viva sua responsabilidade de domínio e cuidado sobre toda a criação e até sobre si mesmo. É nessa relação com Deus que o homem e a mulher são capazes de atingir a sua verdadeira condição, de imagem e semelhança de Deus e ainda assumir seu verdadeiro lugar: criatura escolhida e criada por Deus, à sua imagem e semelhança.

Referências bibliográficas
·        BÍBLIA DE JERUSALÉM, A. T. Genesis. 157. 6 ed. São Paulo: Paulus , 2010.
·         REIS. Mons. Celso Murilo Sousa. Apostila do Pentateuco.


[1] Cf. Reis, p.47.
[2] Gn 1, 26a
[3] Gn 1, 26b
[4] Reis, p.47.

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